sexta-feira, 1 de julho de 2011

Os Benefícios das Arte Marciais para crianças.

Basta sair um desenho no cinema e pronto. As crianças já estão motivadas a treinar artes marciais.

A arte marcial, vai além de uma "luta". É praticamente um estilo de vida em que a criança leva para a vida toda.
Mas, apesar disso, é preciso se tomar alguns cuidados ao treinar. Conhecer o professor, a academia, verificar a filiação da academia junto aos representantes oficiais e exigir estes certificados de filiação são medidas fundamentais para a boa prática.

O Kung Fu pode ser praticado por todas as idades, mas é imprescindível que o professor saiba conduzir as aulas respeitando a fase de desenvolvimento que o aluno se encontra. É o caso do ensino do Kung Fu para crianças.

As crianças que praticam Kung Fu se tornam mais responsáveis, seguras e aprendem a importância da disciplina. Além disso, durante os treinamentos vivenciam situações que desenvolvem a capacidade de se ajudar e aprender mutuamente.

Durante o processo de aprendizagem do Kung Fu, o professor mostra para a criança o quanto ela é capaz de evoluir respeitando seus próprios limites. O contato com a filosofia do Kung Fu também ajuda na boa formação educacional e social, já que os alunos trabalham o tempo todo conceitos como respeito, calma, atenção, concentração, auto-controle, auto-confiança e valorização, além da arte harmonizar as energias e desenvolver os movimentos, a consciência corporal e a coordenação motora.

Nas aulas de Kung Fu o aluno vivencia situações que levam a perceber que a agressividade não é a melhor forma para solucionar os problemas, pois estes conceitos fazem parte de toda a filosofia do Kung Fu tradicional, passada pelo Mestre que considera seus discípulos bem como os alunos destes, uma grande família.

Vemos em nossos alunos que praticam desde criança uma essencial participação do Kung Fu na formação para a vida, como por exemplo, agindo com maior tranqüilidade diante de confrontos com professores e colegas na escola e priorizando os relacionamentos e atividades em grupo. É comum recebermos alunos que passavam o dia todo em frente ao computador e não conseguiam relacionar-se com os colegas na escola, apresentando timidez e até problemas de aprendizagem. Com a convivência nas atividades de nossas academias, desenvolveram estas capacidades naturalmente.

Os alunos têm o professor como espelho e à medida que aprendem, passam a se conhecer física e emocionalmente, descobrem que são capazes de evoluir e de fazer coisas que antes não conseguiam. Todas essas características combinadas criam um ambiente pedagógico rico para que as crianças se tornem mais confiantes, percam a timidez e evoluam também psiquicamente.

A criança, logo a partir dos primeiros meses de vida, aprende com seu corpo em movimento, começando a formar a sua personalidade.Essa fase inclui o processo de engatinhar, aprender a andar e as primeiras iniciativas de exploração do mundo, ainda sob os cuidados dos adultos.

O aprendizado de atividades físicas específicas começa mais ou menos aos cinco ou seis anos, o que pode ser estimulado, respeitando as características da idade e da personalidade da criança. Jean Piaget postulou sua teoria sobre o desenvolvimento da criança e descreve-a, basicamente, em quatro estados, que ele próprio chama de fases de transição (PIAGET, 1975). Essas quatro fases são:

· Sensório-motor (0 – 18 meses): É a fase, dos reflexos inatos ao qual o bebê começa a construir esquemas de ação para assimilar psiquicamente o ambiente. Também ocorre a construção das noções de objeto, espaço, causalidade e tempo, organizando a percepção. Todos estes aspectos configuram a inteligência prática.

· Pré-operatório (18 meses aos 6 anos): É a fase do desenvolvimento do pensamento representativo e do raciocínio intuitivo. A criança deste estágio é egocêntrica, centrada em si mesma, e não consegue se colocar, abstratamente, no lugar do outro. Precisa de explicações a respeito de tudo (fase dos "por quês"). Possui uma percepção global sem discriminar detalhes. Avalia conforme as aparências e ainda não consegue relacionar fatos. Como está centrada no eu, a criança tem dificuldades de manter atenção por tempo prolongado e de participar de atividades que envolvam regras e que sejam em grupo.

· Operatório concreto (6 aos 12 anos): Neste estágio a criança desenvolve noções de tempo, espaço, velocidade, ordem, casualidade, sendo então capaz de relacionar diferentes aspectos e abstrair dados da realidade. Apesar de não se limitar mais a uma representação imediata, depende do mundo concreto para abstrair. É a fase que permite a socialização. Segundo Hellen Bee, 2003, neste momento, a criança está preparada para desenvolver uma série de regras ou estratégias para examinar o mundo e interagir com ele. Há o interesse por jogos, regras e por atividades em grupo. Começa a desenvolver o sentimento de cooperação e superação, além disso, passa a se concentrar nas atividades do meio e manter a atenção, o que ajuda a desfrutar da melhor forma de atividades físicas específicas como o Kung Fu.

· Operatório Formal (a partir dos 12 anos): Agora a criança é capaz de pensar logicamente, formular hipóteses e buscar soluções usando seus recursos internos. Em outras palavras, as estruturas cognitivas da criança alcançam seu nível mais elevado de desenvolvimento e tornam-se aptas a aplicar o raciocínio lógico a todas as classes de problemas. Nesta fase a criança desperta o interesse pela competição e está apta a fazer atividades que possuam regras complexas. A imposição leva ao desinteresse.

Avaliando segundo esta teoria, vemos que a partir dos 6 anos a criança se encontra num estágio mais apropriado para desfrutar inteiramente do aprendizado específico do Kung Fu, não isentando a possibilidade do início antes desta idade, mas utilizando-se de atividades recreativas mais direcionadas a estimulação e desenvolvimento global.

Assim, o Kung Fu pode ser uma ferramenta importante na formação infantil, não só na prática, mas na participação de eventos promovidos pela categoria, como provas de graduação ou campeonatos. Muitos profissionais da saúde mental enfatizam que a frustração pela expectativa nestes eventos, pode trazer problemas à criança. Mas isso só pode acontecer se os professores e principalmente os pais não souberem orientar a criança e evitar que haja desestímulo com a frustração, mesmo porque, sabemos que a vida nos diz muitos “nãos” e que precisamos desde cedo aprender a lidar com estes acontecimentos. Por outro lado, vencer faz parte dos projetos de todo ser humano, e essa vivência nos permite acreditar ainda mais em nossos potenciais e nos dá forças para enfrentar os conflitos diários.

Aos pais é importante que, ao decidirem colocar seus filhos para praticarem o Kung Fu, respeitem a escolha da criança e participem de seu desenvolvimento na arte, trabalhando junto com o professor que possui o conhecimento para o ensino do Kung Fu nesta fase da vida.

Onde treinar: http://www.academiaartenobre.blogspot.com/

BIBLIOGRAFIA:


AZEVEDO, Elen Natis Gomes. Psicodrama, Kung Fu e Tai Chi Chuan: A Prática Oriental no Mundo Ocidental. São Paulo, ABPS (Associação Brasileira de Psicodrama e Sociodrama) - Titulação de Psicodramatista Foco-Psicoterápico. Orientadora: Profª Supervisora Herialde Oliveira Silva, 2006.
BEE, Hellen. A criança em desenvolvimento. Porto Alegre : ARTMED, 2003.
PIAGET, Jean e INHELDER, Bärbel. A psicologia da criança. São Paulo : DIFEL, 1982.
TAFNER, Malcon. A construção do conhecimento segundo Piaget, 1998.
Arte marcial Chinesa. Art Internet

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